O vento cortou-lhe a face. Ardia tanto. Mas determinada ela perseguiu em caminho resvalado. A fúria da natureza rebelde a empacava. No entanto a dor interior era mais cruel. Mais intensa e mais forte. Ela somente necessitava caminhar. E caminhar. Desgaste de energia. Enérgica. Falta dela. Vestido branco roliço sujo de fuligem. Fuligem de musgo. Um pio alto. Sobressaltou-se. Porém esgueirou-se dentro do breu dos matos. A cada passo um graveto partia fácilmente. Tudo ecoava próximo demais. E a escuridão espreitava um monstro a qualquer momento em saltar. E o que sentia por dentro era maior. Pior. Pior de melhorar. Assim ela esperava. Quando chegou no desejado plantou uma semente. E de alívio fechou os olhos. Respirando fundo se entregou a dor. A agonia. Ela cruzava os dedos para de semente brotar logo um fruto. Porque são desses frutos que advém a esperança.
  Ela abriu e fechou novamente os olhos.


5 Comentários

  1. No começo parece um filme de suspense/terror.

    "Porque são desses frutos que advém a esperança."
    OMG'

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  2. o meio do fim... o sim dentro do não.... a gente nunca sabe, né?
    parabéns pelo espaço.
    clarice lispector passou por aqui, sentou, bebeu um café, acendeu um cigarro...
    e certamente abençoou.

    grande abraço do
    roberto.

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  3. Olha só quem fala...rsrs, obrigado por seu comentário em meu blog, fiquei muito feliz com seus elogios... E nem é pra retribuir, mas me encantei com tudo que li por aqui... Adoro muito ler emoções, em palavras tão detalhadas... Você é sensibilidade pura menina!

    Pax et luz...
    Liliana Simão

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  4. vento e esperança tudo a ver. poesia nervosa mas linda

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  5. Que lindo, vc conseguiu escrever um suspense lindo *-*
    Belo texto, ótimo blog. Amei de verdade, vc escreve super bem.
    Beijoos, linda.

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