Amigo. Amigo àquele que você ama. Ama de ser cúmplice. Ama das bobeiras de ser amigo. Ama das fofocas que fez um dia. Ama por te entender tanto. Ama porque feri também.Ama por amar mesmo. Ama por fazer pactos loucos. Ama por rir a toa. Ama por trocar idéias pelo olhar. Ama por não ter distinção de cor ou raça ou ainda idade. Ele é seu amigo ou amiga e pronto. Ama porque o amigo pode se tornar seu amante. Ama porque sua amiga pode tornar sua irmã. Ama em descobrir que seu amigo pode ser sua irmã ou irmão. Ama porque briga muito. Ama por chorar e brigar de novo. Ama por perdoar.
                                    Amigo. Sempre estará por perto. Sempre será amigo.


                            Olhos frágeis. Frágeis de um pulso debilitado. Ela o fitava desesperadamente. Fraqueza. Tão fraqueza quanto o sangue que fluia dele. Ele estava morrendo. Morrendo de uma fatalidade. Fatalidade de bala perdida. Ela esperneava em agonia silenciosa. A cabeça dele em seu colo. Os olhos castanho-escuro quase sem vida. Cadê a ambulância? As pessoas envolta se aglomeravam. Mas por curiosidade. Ela continuava sofrendo. Sofrendo de fraqueza. Tão Fraca.
                            - Não vai dar tempo Marina. - sussurrava ele aos prantos. Os lábios ressequidos.
                            - Não diga isso. Por favor. - dizia ela para o remorso. Remorso de uma calçada. Calçada repleta de curiosos. Remorso de que deveria ter sido ela. Remorso que ele, seu noivo, havia salvado sua vida. Fraqueza.
                             - Vou indo. Porque precisei ir. Diga a todos que os amo.
                              Marina, esperneava, as lágrimas rolando pelo rosto tão fraco.
                             - Diga. Marina! A todos que amo.
                              Porque ele repetia isso afinal? Porque não dizia que me amava também? Porque? E porque me salvou?
                              - Eu amo a todos Marina. Todos. Minha família. Diga a todos.
                              - Eu.. Não posso. Sou fraca. Sabe. Fraqueza.
                               Ele sorriu com o resto de energia que restava.
                               - Marina eu acabei de salvar sua vida. E você não pode retribuir?
                               Marina, a garota sem rosto. Sem rosto de sardento. Disse:
                               - Eu ia terminar contigo. Então, você não deveria ter me salvado. Eu não te amava mais. E você sabia disto. Porque não me deixou partir? Porque deveria contar a sua família isso? Você irá viver.
                               Os bombeiros chegaram e ele ficou silêncioso por um tempo. Silencioso estabilizado entre os aluminios. Silencioso na maca.
                               Marina ainda sim segurou sua mão. Mesmo se sentindo um lixo. Fraqueza. Tão abatida.
                                Uma semana depois Marina se encontrou com ele. Encontrar com ele de ir no seu enterro. Sua mãe lhe deu um bilhete. Marina o abriu titubeante.
                               - Marina. Naquele dia não lhe disse nada. Eu não tinha uma resposta. Mas hoje eu tenho . Eu a salvei não como um gesto de amor. Mas como gesto de fraqueza. Eu me vi forte naquele momento. E você tão fragil. Que senti pena. Pena de ser tão tolo de continuar te amando tanto. E tanto. Eu já sabia que aquele seria nosso fim. Mas eu quis eternizar. Ser eterno. Na memória de cada um que eu amo. Todos. Incluindo você. Veja, sorria. Eu acho que posso te ver daqui de cima.
                             Marina descobriu uma coisa. Ela ainda o amava muito. Muito. E a falta dizia isso. Fraqueza. Foi um ato de fraqueza. E o ato dela? Onde se encaixa? Porque é depois que você perde alguma coisa que se dá o devido valor. Marina agora sabia daquilo. Fraqueza. Era fraqueza o que ela tinha.
                               Portanto, seja forte. Nada retorna. Mas, sempre terá algo bom nesse caminho.


                                   Preciso tomar um café. Agora. Agora estou ouvindo uma boa música. Me servindo de inspiração. Boa música de se escutar ao folhear um livro maravilhoso. E não demore a chegar dia perfeito. Por favor. Eu estou me escondendo de coisas estranhas. Tão estranhas quanto continuar lutando. Afinal se ganha perdendo e se perde lutando. Perder de vencer. Tanto quanto ganha de perder perdendo. Somos tão tolos e fracos. Mas, avante de continuar lendo sua vida. Lendo de se fazer página. E se reconstruir aos poucos. Mas, por favor continue lutando.
                               À fraqueza é para os fortes. Assim como a luta para os fracos. Mas, uma fraqueza seguida de luta, torna-se mais forte.
                              Grite, sofra e desespere, mas continue lutando. Seja forte.



                      Dos mesmos olhos, que agora enxergam. Podem tornar-se cegos. Cegos de uma hora para outra. Hora que ontem era uma pessoa. Outra em que amanhã já é uma nova pessoa. Você não esperava por isso, mas dê palmas à glória. Glória que não têm mais graça. Passou. Passou de tudo passar. E agora daqui para frente, se torne cego. Porque quando enxerga nunca dá ouvidos aos outros sentidos aguçados. Mas, os mesmos olhos que de cego ficaram dão valor a tudo.
                       Portanto, seja cego.


                             Meu rumo. Minha direção. Sou eu que dito as regras. Regras de direção. Pode demorar a perceber. Em caminhos errados. De errados para o correto. Num dia certo. Não importa onde esteja. Um dia sua glória chega. Chega da direção errada. Errada para concluir correta. Correta da direção. Sua direção da glória.
                            A paisagem nunca foi tão bela. Bela de sua direção.


                                  Ela só sabia ser ridícula. Tão ridícula quanto ridícula. E novamente ridícula. Para cada momento ridícula após sabedoria ridícula. No fim dá na mesma, o mundo se faz ridículo. Portanto ridícula, com sabedoria, em meio ao ridículo.


                                 E tudo virou cinzas. E tudo foi jogado para o vento. De preferência para bem longe. Longe dela. O dela de lembranças amargas e dolorosas. Que com o passar do tempo libertam-se em algum deserto. Engraçado, mas de inicio o mar a afogou profundamente. Profundo de quase morrer em sufocar a garganta. Que queimava. Ela nunca fora um peixe, mas sabia nadar. No entanto, o oceano a engolfava como acontece com todos nós. Uma ou várias vezes na vida. Para deliberar. Decidir. E deliberar novamente. Para salvar-se. Em seguir em frente salva como sua decisão. E morta como as cinzas das reminicências que ,como  o vento, tomou rumo ao norte.  


                 Ela caminhava longe. Longe de tudo. Incluindo a lua. Lua de buracos. Buracos no coração. Porque doeu tanto? Ela não sabia explicar. Explicar para esquecer. Essa seria a fórmula correta. Por isso ela caminhava. Primeiro a ficha que cai da face, derrubava-lhe no obstáculo seguinte. Era a perda. Perda de quem não servia. Doravante, advém o torpor. Ela se via no espelho como um zumbi. Era a morte de transformação. Em que cabia a transformação em dar-lhe outra eu. Eu de pele a descascar. Descascar em renovar. Por fim o sorriso. Aquele que lhe demonstra como o pôr-do-sol nasce para todos. Sem exceção. Em como os passos não eram mais corcundas e sim mais retos como num grande milagre. Milagre este que tudo passa. Uma hora se vêm o caminho certo. Certo para você. Não importa onde ou como. Como de querer. Ou seja, você têm que buscar muito o seu caminho. Caminho do pôr-do-sol.


                                      Está a caminhar. Sem rumo. Sem volta. Sem retorno. Como sem rumo de doloroso
saber que tudo foi em vão. Vão para o coração dilacerado. E vão para os erros do concerto de uma lembrança. Lembrança de página virada. Ontem eu estava sem retorno. Retorno do adorno em ardor no peito. No entanto, o hoje para com o amanhã foi retorno de sorrisos. Ou melhor. Gargalhadas. Que foi aquele dia mesmo? Quem foi aquele cara? Cara sem volta. Cara de fazer sem rumo para sem o retorno para com por fim sem volta. A música de um passado refaz percurso de aleatória crise. Crise de risos. Sorriso de lágrimas. Que sentimental! Mas tudo doeu muito. Sendo assim, necessária um sorriso de lágrimas. Porque é dos contentamentos com lágrimas que rasgam-se o torpor. Com o torpor advém a fase para ficar inteira. Inteira de sorriso de lágrimas.