Fugindo demais. Fugindo dos outros. Fugindo de si mesma. Abraçando o corpo. Protegendo o coração ferido. Alinhando mente e espírito. Tentando concertar os erros. Tempo passando rápido. Aproveitando os segundos. Novidades. Raiva de alguém. Comentários infelizes.
O fugir do frio. A mente embaralhada. Obstinação em planos. Insegurança plastificada.
Fuga. Pára. Vira. Abraça por fim o mundo.
O coração do abraço...



            É quando o tempo passa e a gente finalmente percebe que os pedaços podem se compor. Ressentimentos a parte. Nasce responsabilidades. Esquece o que fez mau. Dá tempo. Respira. Doí a garganta. Doí bem lá no fundo. Nem o chocolate mais doce consegue descer.
          Os pedaços continuam lá, mas escondidos. Aparentemente único. Mas escondidos.


Afrânia fazia buscas incessantes. So encontrava surpresas diante de si. Diante do próprio espelho. Cada segundo ela queria algo novo ou diferente. Tinha poucos amigos. Entretanto, amigos inesquecíveis. Forte e nem um pouco insensível. Aparentemente...
- Ei, Afrânia, vamos dividir essa barra de chocolate? Perguntou Breno, um antigo desafeto escolar, atual profusão de sentimentos, por fim amor inrustido.
- Sério? Indagou ela mordaz, afundando os dentes no último pedaço.
Uma egoísta.
Uma dica: ele pode se afastar. Não afugente a única pessoa que realmente goste de você. Esqueça um pouco os sentimentos, alimente também a razão. Fuja de quem não quer nada de você. O quer nada de apenas preencher um vazio.
Pois é exatamente isso que ele está fazendo: sugando seu bem estar e lhe usando para curar uma dor do passado. Talvez seja por isso que esse mané esteja se escondendo constantemente de você.
Ei, escolha o quê quer compartilhar a barra de chocolate. Aquele que foge não te merece e nem e nunca foi homem para você.


 Acho que um furacão passou por aqui. Sentimentos confusos. Primeiro a ficha caiu aos poucos. Segundo se recheia um ódio de sabor chocolate amargo. Depois pena. Muita pena de granulado. Então, quando o doce termina vem um vazio e não sabe explicar o por quê. Por quê?
Ele não vai voltar. Você não vai voltar.
O acabar estremeceu cada canto do seu corpo. Seguir é tão fácil né? Diga isso ao coração teimoso. O coração grita por atenção, por pensar, por implorar uma explicação plausível. As lágrimas, entretanto, sumiram. A dor é muito maior. Ela se agarra a réstia de esperança.
Ei, o doce acabou, mas tem muito mais na despença. Você não vai detonar os outros sabores não? Vai deixar de experimentar as novas sensações? Os novos sabores podem até serem mais interessantes.
Pense nisso.


             Nunca faça planos. Você pode se frustrar. Pessoas se tornam o quê não esperava. O coração se machuca e lateja. Se surpreenderá com suas tamanhas forças. O telefone pode não tocar. Os filmes estão empoeirados e esquecidos. Os livros esperando para serem lidos. As viagens adiadas. Os amigos jogados de escanteio.
       Tudo vira um emaranhado na vida. A cada curva se depara com suas enumeras facetas.
        Nunca faça planos. Deixe as cordas se soltarem aos poucos.