O dia brilha com maciez. Os pássaros entornam minha música predileta. De predileta à imensidão do paraíso atribuído ao silêncio. Silêncio. Na alvorada o ribombar de braços abertos é alegre. Alegre em jovial. Risos tolos situados ao rosto. Rosto da face vermelha do coração. Coração que bombeia todo o resto. Bombear a imensidão da paz. Em paz com brilho de luz. A luz enaltece o verde como andar a ermo em uma floresta. Floresta assustadoramente jubilosa. Sem medo de errar. Errar das tentativas. Infeliz de não dar certo. Como esperava. Mas contente de ser gente ao persistir. Em meio às árvores. E os rios serpenteantes. Você pensa em você. Somente você. A figurinha insignificante. Que dá certo. Na qual ao rolar na grama encoberta de folhas secas, tropeça e cai.  Em folhas secas da intensidade. Contudo, uma hora levanta.
                                      No fim do dia, mesmo sem grandes avanços, com poucos tijolos se faz um sorriso. Se faz coração. Onipresente você. E intensidade adormecida nos seus sonhos.


                                    Ela precisou olhar para ele para enxergar-se. Mas antes deu uma passada no próprio corpo, para compreender a si mesmo. Afinal é a si mesmo que importa. No final, o resto é resto. E a música serve de passagem para relembrar daquele momento único. Seu amor. Por ele. Para com seu sorriso tolo. Por si.


                       Ela percorria os mais dos belos jardins. Tão bela quanto formosa. Suas roupas drapejando ao som do vento. Os pássaros teciam o ouro do seu cabelo preso. Preso numa trança. Ela gargalhava a toa. E a cada passo um pulo de obstáculo. Obstáculo.
                       Ele banhava o cavalo alado. Cavalo negro como seus olhos. A tonicidade dos movimentos ágeis dele em esfregar o couro do animal. E a cada balde de água uma evasão. Evasão.
                    Ela se alegrava com o brilho das rosas e das adocicadas borboletas. Ele arduamente trabalhava com mãos calejadas. Somente o cheiro dos orvalhos lhe sustentavam na objetividade.
                    Eles nunca se encontraram.
                    Mas havia obstáculos e evasão. Alegria e dureza. A falta de uma equivale a outra. O peso das duas somadas ao quadrado dava a medida perfeita.
                      Da evasão se faz um obstáculo. E do obstáculos se constroem almas.
                       Um dia eles iriam se reencontrar. Afinal um dia iguala a anos luz para que os olhos se reconhecem.
                         De corpo nunca houve reconhecimento. De alma houve reencontro.
                          Reencontro.


                      Ele fitava as estrelas. Ela saboreava o morango. Ou era manga? Ou somente o doce do açúcar? Eles pausaram. Em meio a uma bela paz de um parque nacional. Parque de musgos, mato e árvores. Animais que roscavam aqui e lá. Ele eufórico perdurou as mãos dela. Ela em silêncio se deixou levar pelo doce. Ele as estrelas. Brinde a elas. Ela envergonhada o esperava prendendo a respiração. Ele sem vergonha tremia de consternação por sentimento tão novo. Ele lhe deu novamente os morangos. E ela lhe embriagou de estrelas. Afinal com eles eram assim. Das estrelas do sentimento novo ao beijo de morangos do amor há uma linha invisível. Que dentre o sentimento novo para uns e amor para outros, os fins são os mesmos. Com você. Com você de com ele na qual àquela em àquele difere.Sem explicação. Somente com você.


Para Verena. Minha irmã. Ela sabe do que se trata.


                 Estado dilacerado. Calmo. Transe. Torpor. Viajante. Ela esquadrinhava-se entre as ameias de paisagem. Paisagem de barcos e imensidão do mar. Segundos de se compreender. Segundos de pausa para si mesma. Andarilha em farrapos de descobertas. De descobertas de emendas da própria sorte. Lá no alto uma grande gaivota sombreava a morte. Morte de peixes. Com a morte o renascimento das cinzas. Ela se abraçou. A gaivota barulhenta deu o bote. Cardumes desprotegidos. Ela amenizou o horizonte. E sorriu. Da morte advém o renascimento. E naquele dia de solidão ela descobriu o novo eu. Eu do bote da gaivota. Matando a si mesma. Solidão.  


 O vento cortou-lhe a face. Ardia tanto. Mas determinada ela perseguiu em caminho resvalado. A fúria da natureza rebelde a empacava. No entanto a dor interior era mais cruel. Mais intensa e mais forte. Ela somente necessitava caminhar. E caminhar. Desgaste de energia. Enérgica. Falta dela. Vestido branco roliço sujo de fuligem. Fuligem de musgo. Um pio alto. Sobressaltou-se. Porém esgueirou-se dentro do breu dos matos. A cada passo um graveto partia fácilmente. Tudo ecoava próximo demais. E a escuridão espreitava um monstro a qualquer momento em saltar. E o que sentia por dentro era maior. Pior. Pior de melhorar. Assim ela esperava. Quando chegou no desejado plantou uma semente. E de alívio fechou os olhos. Respirando fundo se entregou a dor. A agonia. Ela cruzava os dedos para de semente brotar logo um fruto. Porque são desses frutos que advém a esperança.
  Ela abriu e fechou novamente os olhos.


                      Ele descarregou o cansaço numa mesa qualquer. A pasta sob esta redonda. Ele esperava um delicioso café com leite. Ela o avistou pelo espelho lateral. Correu a se arrumar e a servi-lo. Ele a fitou. Ela prendeu a respiração. De profissionalidade sorriu com os olhos. Os lábios se mantinham firme numa linha dura. Ele a fitou. Ela anotou o pedido. Ele leu um jornal qualquer sempre a mão sob os cabelos. Ela retornou.   Ele tornou a fitá-la. Ela tremia toda. O café transbordando em quase derramar. Tremedeira braba. Quando ele havia terminado e a conta a pagar. Ela com a gorjeta leu num papel: eu te amo. Ela ensandecida sabia de uma única coisa. De coisa no mais tardar. Em seu apartamento. Afinal ele e ela eram namorados. E ele a esperava com profissionalismo ouvindo boa música.



                  Um broto inexplicável que abate o peito. Rumorejo de inspiração da melancolia. Pausa para boa escrita. Eu preciso de você. Exalar a dureza num papel. Personagens. E coisa qualquer. Mas só vá embora quando eu terminar de escrever. Por favor. Fique um pouco mais comigo. Angústia. Vontade de chorar. Olhos ardem. Então corro para o infinito da dor. Dor do zumbi. Dor. Angústia. Respira fundo e calma. Tudo vai ficar bem. Uma hora têm que estar.


               Olhos de metamorfose brilhante. Sorriso emancipado de efusão. Passos contados na cabeça em toc e toc. Pausa para a conversa. Obliterada. Sem graça. O que dizer meu deus? Eram tantas coisas. De ensaio ao espelho para uma pausa de conversa. Coração batucando sem querer. Mãos esfregando uma sob a outra. Involuntário. Chega mais? Não sei. Será? Vê os lados. Ninguém fitando. Mais e daí? Toque das mãos. Espasmos de tremores. Mãos tremendo? Sim. No fim o inesperado. Toque. No rosto. Para depois um beijo. Na testa. No fim veio o encanto. O encanto do beijo. De encanto beijo da troca de olhares. E só. Lá se foi ele. E ponto final de encanto. O encanto em mim. E o riso tolo.
          Houve encanto de uma troca de beijo ríspido. E lá se foi ele. E eu aqui indo a outro canto.
          É lá se foi ele. Meu encanto.


                    O olhar gélido do frio. O frio que fitava o gélido. Daquele olhar. Ele havia traído sua confiança plena. Ela o despreza. Desprezível frio. Frio. Gelo. Amargura de pedra. Pedra que quebra. Gelo de frio do olhar que é intacto. Ele agora sabia sofrer. Ela cruel a gargalhar. No rosto dele. Rosto oval. Lindo e belo. Ela cruel e sem cura da perca. Perca de própria dor. Ambos sofriam. Em frêmitos. Ela do frio de olhar da perca dele. Para sempre. E ele por descobrir o frio de amá-la. E ainda sim tinha traído.



"Todo lo que tengo te lo daba. Por tenerte como almohada. Por sentir tu aliento. Pero te me escapas. Como el agua entre los dedos. Te me escapas, como un grito al viento" Quiero - Anahí.


            Ela andava preguiçosamente, a mochila sob as costas, com a proteção dos longos cabelos ao sol ofuscante. Ofuscante de sol do brilho dela. Ofuscante da falta de respiração. Do tempo estático. Tempo. Parado. No tempo. Ela havia visto ele. Ele confiante. Óculos escuro escondendo a soberba. Ele sabia. Ela o amava. O tempo havia parado. Parado para ela. Ele flutuava nele como um verme. Ela estancou os passos em meio aos encontrões do passantes. Seu coração adoidado reconhecia os passos desajeitados dele. E como num reverso, ele passou a enseja-la de querer. Aquelas curvas de insinuar. Como era bela e macia. No entanto, ela de pacto com o tempo o parou por si mesma. Parou o tempo. Tempo parado. Ela parou o tempo de seguir em frente. Ele somente a queria. E nunca entendeu aquele tempo parado. Ela , por sua vez, de transmudar no próprio tempo a seguir. O compreendia.  


                             Ele estancou os passos cedendo á uma correnteza. Ela se escondia por entre as matas densas observando. Ele banhou o cavalo fatigado. Ele, grande guerreiro, bebeu da água límpida. Ela, formosa     e cândida no olhar, o cobiçava. Diariamente. Ele, rotineiro, se banhava naquelas águas de paz. E ela por fim suspirava na margem do rio. Como ele era belo. Impossível. Fora de questão. Ele nem a conhecia. Conhecimento de sentimentos. E naquela margem do rio, eles marcavam a se encontrar. Casualmente. Em amigos. Amigos. Ela o amava. Ele amava o rio. Eles eram amigos. Por fim, ele seguiu seu rumo numa montaria firme de braços fortes. E ela a suspirar por ele. Ele continuou sem saber. Naquela margem do rio. 


 Ela andou por entre as montanhas na caça do verdadeiro amor. Ele, sem rumo, enfrentava os tormentos das guerras. Das armas pesadas e da fúria contida. Eles eram amantes. Promessas de juras incontáveis de amor eterno. Ele tinha orgulho e honra. Ela era doce, bravia e valente. Ambos não sobreviveram a fúria dos homens. Hoje a fúria seria o fim de um relacionamento. Afinal aquela bravia e valente guerreira do passado é a mulher moderna de hoje. E aquele orgulhoso e controlador de armas pesadas é o sonhador de hoje. E a fúria do presente é o começo de uma nova vida. Nada de eternamente e nem a dois. Fúria de um pé ante pé em novo rumo a seguir. A vida não espera o amor longínquo. De vida a esperar os cortes de feridas em corações despedaçados do termino. Tampouco espera a cura. Cabe você sorrir por entre as várias fúrias desta. E soerguer a cada queda de amor expelido.


Escrever é muito mais que existir. Escrevo para me entender. Para matar uma e uma as angústias toscas. Matar uma parte de mim que não quero mais saber. Ser feliz e sorrir muito. E destruir meus defeitos e qualidades num personagem bobo qualquer. Ele pode ser eu ou qualquer conhecido. Não interessa. Contanto que de escrever sirva para mim instalar a escrita da paz.

ps: veja a continuação de dança comigo. Capítulo inédito. dança comigo


ps: vejam a continuação de dança comigo. Capítulo inédito: Dança comigo

            Fechei os olhos tontos. Respirei fundo. Havia grama. Eu abri os olhos feliz como um pássaro à voar. E ali no canto vinha meu grande amigo. Mais um dia. Novo humor. Novas vitórias e realizações. Meu pôr-do-sol.


               Ela tinha o homem dos seus sonhos. Portanto gritava para todos os cantos. Gritava. Para o mundo. Ele era cavalheiro, dócil, gentil até deveras. Então belo dia ela se cansou. E o que gritou para o mundo foi: Perfeição cansa, por isso, eu grito para o mundo dos ventos. Eu quero um cara perfeito para meus olhos. Imperfeito para o mundo. Gentil para brigar depois sem motivo algum. De sem motivo se rebate a nostalgia. Para no mais tardar gritar para o mundo o excedente de energia. Saudade doí. Não mata. Mas quando se mata de encontrar, tudo volta  a ser melhor.

ps: veja aqui a continuação de dança comigo. Capítulo novo. Dança comigo.


      




Ela esperava por ele. Ele não esperava por ela. Ele e ela tinham algo em comum. O sentido de opostos. Ora não dizem por aí que os opostos se atraem? Mas até que provem essa teoria muitas pessoas por aí já  esbarraram por abater de sofrimentos com sentidos opostos. Contudo, na senhora volta por cima, num belo dia de flores de chuva, ela gargalhava sinistramente seguindo em frente. Enquanto a ele, justamente por esse sentido oposto, implorava ao sol do arrependimento, um sentido a dois. Ela em outra cabia a fechar cicatrizes  do passado deste bendito sentido oposto.



ps: Estipulo faixa etária para 14 anos. Aqui tende suspense, romance, até comédia, sobrenatural. Boa leitura!

                                             Era meu aniversário. 19 anos. Eu meio que me escondia por entre a fresta da vidraça. Do meu apartamento. De apartamento específico em São Paulo. Capital. Na Lapa. A cortina puída tratava de fazer o resto. Me absolver calor. Estava frio. Muito frio. Enregelando os ossos numa roupa aquecida. Sinal de que havia saído antes.
     Comemoração. Aniversário de comemoração. Minha festa. Simples. Num café qualquer com meu irmão Tiago e sua estranha namorada Anita. Ela tinha cara de poucos amigos. E eu a ajudava piorar.  
      A propósito me chamo Eliza. De porte médio, tímida com gênio forte. Até demais. Cabelo enegrecido como o véu da noite. E lábios carnudos pincelados de batom cor de pele.                                  Desistindo de fitar as estrelas fui em direção aos meus presentes. Eram dois. Jogados rente a minha cama de madeira polida.
         A cabeceira tinha um espelho. Por fim pude ver meu estado de espírito. Olheiras horríveis e arranhões visíveis pelo corpo. Corpo. Arranhões. Eu vivia esbarrando nos móveis do meu apartamento.  Móveis de apartamento do corpo esmaecido por poucos cômodos. De cômodos jaziam três. Banheiro, quarto e sala de estar e a cozinha. Ao menos servia para pagar meu orgulho.  Era meu.  A campânia soou. Pulei como um gato apreensivo. Coração estimulado a pulsar nos meus ouvidos.
      - Quem é?
       
CONTINUA....



                    É quando as lágrimas secarem eu saberei que a tempestade chegou ao fim. Fim. Não. A dor pulsava ainda bem aqui dentro. Dentro do pulsante ainda que durasse séculos a tempestade arrebataria o resto. Resto. Resto de réstia. Réstia de dependência. E de fato , agora, gargalhando. Tontamente. Foi da tempestade que surgiu os tormentos. Tormentos de tempestade. E destes tormentos advém o arco-íris. Com o arco-íris o sol. Sol. Tempestade. Sol da tempestade do amadurecimento. Conhecimento. Tempestade esta que nos fez aprender alguma coisa. Tempestade de aprender a enfrentá-la.
                  Tempestade. Essencial. Arco-íris. Sol. E força.



Ps: Dança comigo 1 - Prólogo.

Aviso: será uma série de somente sete capítulos sobre Eliza. Advirto para suspense, sobrenatural e vou colocar uma faixa etária de 14 anos. Leia por livre e espontânea vontade. Mas antes veja a restrição. Boa leitura!





                                          Mas ele me alcançaria. Porém eu lutaria até o fim. Até a completa exaustão. O que de exaustão para cãibra faltava pouco. E ele se divertia em me assistir daquele modo. Sempre fora frio e rebelde. 
                Ele aferrou meu braço. Fim da linha. Eu iria gritar. Mas de nada ia adiantar. Portanto o fitei naqueles olhos cinzentos. Ninguém sequer o via. Somente eu. Nostalgia abateu quando o vi daquele modo, lábios firmes como os traços do rosto quadrado e pequeno e o corpo viril de rebeldia. Seus braços ainda eram fortes. Eu quase cair em deleite. Mas acordei no mesmo instante. Ele era mau. 
                - Me solta. Seu cretino.
                - O que vai fazer? Correr até se cansar? Veja, não tem saída. E você só irá acordar depois que me ouvir. 
                  Fiquei muda. Sem palavras. Havia se passado um bom tempo depois do acidente. E ali estava ele de novo.
                  - Você não deveria ter medo de mim. Não é dos mortos que deve sentir medo. Os vivos são bem mais perigosos.
                 E com aquela frase enigmática tudo ficou preto. 
                  E eu despertei martelando com aquilo na cabeça. Depois de um ano e meio. Depois do acidente. Vivenciei sonhos como este. Com Paulo Henrique. Meu ex namorado. Ele havia morrido como outras duas amigas. 
                 E eu via fantasmas. Mas não era algo em que se podia sentir orgulho.
                 Meus olhos arderam. Eu sabia. Saudade daqueles que se foram. Principalmente minha avó. Depois dela passei a ver coisas que não gostaria de presenciar.  
                   - Eliza. Respira fundo. Dança comigo?
                   Paulo Henrique estendeu a mão como um cavalheiro. Cavalheirismo este que nunca teve. Em igual modo na época em que namorávamos. Exatamente no colegial. No baile de formatura de conclusão do 3ª ano.
                 Um broto de pensamento se instalou em mim. Aquele sonho era proposital. Todavia, eu não me importava.  Retesei os ombros um pouco mais aliviada. Com aquela frase enigmática batucando na minha cabeça, eu dei-lhe a mão. Infringi um sorriso, relembrando os velhos tempos, obsoleta do restante. Nada importava. Eu dançava rodopiando com Paulo Henrique. Como uma segunda chance. Seu braço na minha cintura e minha mão no seu ombro. Ele fitava meus olhos. Havia brilho neles. E por um segundo os admirei meio tonta.
                        Quando deitei a cabeça no ombro dele, ainda remexendo os quadris, eu detive conhecimento. A vida não dava segundas chances.
                          De chances Paulo Henrique estava morto. E quanto a segundas, coisas horríveis estavam por vir.  
                              


                       Amor é o fluxo de energia da felicidade. Uma garota jubilosa do brilho daquele rapaz. De garota à rapaz eternamente imortalizados pela fonte da juventude. Os passáros piam mudos. Emudecidos pelo êxtase do néctar do músculo ensadecido de desvario.  O mais velho plantado de experiência. Falta de experiência quando assunto é amor. Amor é cruel quando se abate pelas beiradas da lânguidez. Como vampiro bebe toda sua essência até matar as raízes. De raízes se fazem as buscas do limite. O coração começa a apertar firme. É nessa hora que a razão do amor grita: é hora de partir. Siga a outra linha reta. Mas a danada da tristeza lhe prende para com o fim da última gota. Última. Gota. Apreensão. Pressão. Pressão sem realidade. Umedecidos por lágrimas de rachaduras. Porque doí tanto? E quando de dor lhe aflige insuportável, você se fecha no círculo da força.
                  Você se fecha no círculo da força. Você conhece uma outra pessoa. Uma outra você de pessoa conhecida. Desconhecida.
                 E na próxima batalha a razão do amor será mais evasivo. Evasão. Razão do amor. Sem lágrimas. Coração de gelo sem derreter. Derretendo de fúria.
                Razão do amor. Razão de renascer. Razão de renascer do amor mais poderoso e firme.
                Razão sem sentido no momento desconexo da conexão tardia.  


Ps: Apresento uma estória de sete preciosos capítulos. Cuidem bem dela. Espero que gostem de Eliza.


                   Havia refletores em todo ginásio. Ginásio. De refletir ninguém pensava em faze-lo. Somente estavam dançando com seus pares. Numa pista de madeira decorada com balões coloridos e fitas aprumadas num laço perfeito. De perfeição cabia os trajes a rigor. Homens de terno e gravata e mulheres com sorrisos estufados de colorido para o salto incrustado a batucar no piso. O mesmo de entreter os longos vestidos de costas nuas e babados engomados.
                   Ao zumbido eu vos apresento a música de valsa. E muito pior. As vozes aglomeradas. Aglomerações estas de um tempo que havia se passado. Meus tempos de colegial. Mais precisamente no 3ª ano. E eu devia estar sonhando. Mas lá jazia eu, Eliza, minúscula em meio aos gigantes. Gigantes estes que nem sequer podem engolir. O perigo eminente perscrutava na menor das intenções.
                  O perigo. De súbito congelei. Coração retumbando na boca seca. Água, eu necessitava dela. Não! Eu tinha que sair imediatamente dali. No entanto, ainda não descobri o remédio de fugir dos próprios sonhos. Ou pesadelo naquele caso.
                  Única de vestido vermelho, os ombros nus, formando um grande V nas minhas costas. As ondas de babados tomavam de inicio na bainha até o fim do ciclo do pano de veludo. Vermelho. Ciclo. Assim como o salto de tanger barulho, meu cabelo preto inteirado num cocó bem apertado zunia. Meu pulso latejava. A quem devia esperar? O pior? Ou?
                 Ele. Meu coração parou. Minha respiração prendeu na garganta. Ele. Me afastei. Quase correndo exigindo das pernas de chumbo que obedecessem a menor das ordens. Os risos transmudaram em uma canção da morte. E esgueirando-se aqui e esbarrando nas pessoas, repetindo para mim mesma "é só um sonho. Mais um daqueles loucos. Você vai acordar." Todavia eu tinha convicção que era algo a mais do  que um daqueles sonhos simples. De sonho ao pesadelo cruel. Com ele. Novamente. Diariamente.


Continua....          


                   Eu me chamo insônia. Um grande prazer. A ansiedade me consome por inteira. Noites mal dormidas. Incansáveis. Contas vencidas do próximo dia. Vaguear por caminhos sinuosos do liquido vermelho. Mas não seria cor preta? O café? Talvez a vida seja como esse vício chamado xícara da ansiedade de café. Com insônia. Ou sem ela. Este ciclo diminuto e inigualável. Vida de amor. Amor tosco. Amor de 2 anos de fim. Aquela desespero por beber um pouco mais daquela pessoa. As palpitações do exagero. As mãos úmidas de tremores. De tremores de acabar com ultima gota para notar o impossível da possibilidade verdadeira. Tudo acaba. Assim como o nosso café quente. A paixão. Não o amor. Paixão rente ao amor. De amor à paixão exacerbada de fim sem volta como a própria vida.
               Depois da morte a alma diz para a Terra:
               - Me dá mais uma xícara de café.
               A Terra altiva responde com desdém:
               - Com açúcar ou sem açúcar?
               A alma que não é tola diz:
               - Nem um nem outro. Porque há de atirar o homem que nunca viveu uma xícara de café seja de: amor, paixão, vida, com açúcar ou sem ela tanto faz. Afinal a vida nos ensina a qual escolher.
                 E você qual a sua  xícara de café ?








O dia pode estar imperfeito. À noite incerta. O dia da noite com perfeição. Mas dentre os três viva o meio termo. Porque ninguém é tão imperfeito do dia como perfeito do dia da noite. Assim como a noite incerta carece de total atenção, afinal é daquela incerteza que se detém os caminhos duradouros da verdade.


Dores musculares. Dor. Músculos do coração. Ele ainda pulsa? O mundo a sua volta está nublado. Envolto. Lágrimas que nunca vem. Falta de alívio. Cama da dormência. Falta de nexo das palavras mal ditas. Tudo distante. Longínquo. Quebrado. Sopro do vento de calmante da inexistência do sorriso. Nem se sabe sorrir. Nem se sabe sabendo. Sorrir. Por dentro. Lutando contra esse sufoco. Sufoco de cobertas fantasmagóricas que apreende o ar. Ar. Impuro. A deriva da beira de um colapso. Olhos marejados. Ardentes. Pudor. Desaba na cama ou qualquer lugar. Frêmitos de angustia louca passageira. Renovação. Outro dia sem ser noite de estrelas toscas. Então é assim que é chorar?
Renascer das cinzas.Vida. Luta. Vertigem de um dia perfeito.              
Lágrimas do esquecimento. Lágrimas do cansaço. Libertação. De libertação para ardência inquieta sem sentido com a conexão da respiração. Enfim normalidade.



"Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento."
                                            Clarisce Lispector.


    Medo este de errar. Medo do amanhã. Inseguranças refletidas no hoje proliferadas nas atitudes impostas por um inimigo. Inimigo que não sou eu. Inimigo que de pertencer se mede em outra face de mim mesma. Quem é essa pessoa? A falta de rendição. Saber que pode é muito pouco quando poder é acontecer. De entrelinhas dos fatos nada ocorre. Falta de poder. Nomes rabiscados no escuro da tatuagem incoerente. Tolice. Fuga assistida de mim mesma. Risos sardônicos. Estática. Quem es tu? A senhora fuga. Sei que fadada estou. Em recôndito tudo prevalece. No fundo tudo é perfeito. Perfeição. Da coragem. Encorajada por um ínfimo pensamento. No fim das contas a rendição somente vive ali a espreita da vontade de desvairo.
Um dia quem sabe. Rendição.


Nina andou até ele. Gabriel esperou. Nina parou. Gabriel esperou.
  - Pare de me provocar. Ou...
 - Ou o que? Instigou ele chegando junto dela propositalmente. Já sei. Irá pedir para entrar na minha casa.
Nina escancarou a boca como rangendo os sentimentos aflorados. Sentimentos aflorados. Flores de espinhos que mortificam de desabrochar o brilho sinuoso daquele olhar. Nina tremia por dentro. Dentro e fora. Conquanto Gabriel desajeitado remexia em seu corpo. Nina quase tropeçou. Gabriel a segurou pela cintura com agilidade. Ambos sem quebrar a magia do olhar brilhante. Olho castanho contra olho verde. 
A chuva atiçava o que há outrora existia. Nina se aprumou ante o guarda -chuva. Guarda-chuva este de braços aquecidos de deleite. Nina instigava a partir. No entanto não tinha mais forças. Gabriel semi-cerrou os olhos. Nina assustada estagnou no ar da falta de respirar.
- Então? Indagou ele soprando seu pescoço adocicado de rosas. Nina arrepiou-se.
- Não quero... e Nem posso. Nina de nada compreendia o que se passava consigo. Gabriel de compreender assumia o controle desvairado.

Era desejo não era? Pensou Nina. Não podia passar disto. Eu prefiro. O que eu prefiro mesmo?
Diante daquilo, Nina entrelaçou seu dedo a nuca dele. Gabriel adormeceu os olhos. Nina obediente ao coração  em descompasso permeio por caminhos sinuosos.
E do nada o vento elevou o guarda-chuva para o alto. Das alturas Nina se aventurou por algo sem volta. De Gabriel, Nina com atitude veemente atirou-lhe um beijo. Primeiro adocicado e tolo. Conseguinte fervoroso e desejoso de latejar os pulsos. Gabriel entregue ao desconhecido apartou as costas de Nina com virilidade. Nina se apoiou pelos ombros dele.
E sem se importar com o mundo ao redor, Nina e Gabriel morreram da frustração.
Ambos ressuscitaram da verdade recôndita. Eles no fim se amaram. Amaram.
Molhados. Em beijos de amor molhado.