Ele ficou alguns meses e pareceu a eternidade. Ele ficou muito tempo e por algum tempo ela não conseguiu dizer ou concluir em arte o que ele foi.
Ele se foi.
Ela ficou. Isto bastava. Engraçado, porque foram oito meses ou nove de alegria e uma pitada de ilusão. Ficar não era fácil, o fácil era ir embora e abrir mão de tudo que havia construído. Peraí? O que eles haviam construído ? Para muitos nada, mas para ela, ele significou tudo e alguém que virou rotina.
Ele era alguém que ela conversava todos os dias, ele era alguém que zoava com ela ou ela com ele. Ele foi conquistando o espaço de mansinho, aos poucos ela foi se envolvendo e se entregando, e de repente se apaixonou. Tudo como num passe de mágica transmudou em ilusão. De repente, nas idas e vindas, eles se afastaram.
Ela não queria deixar afinal estava encantada e então fez de tudo. Mas tudo não basta. E então de repente ela foi embora e ele também.
As lembranças estavam lá, as risadas, o abraço, o sorriso solto, os olhos que se encontravam, os desentendimentos.
Então, ela seguiu em frente. As vezes doía, as vezes ela sorria, mas ela andava em frente. As vezes ela gritava por dentro ou não aceitava o fato que tudo acabou. Ele não ia mais voltar e nem ela era mais a mesma. Ela se perguntou cadê aquela pessoa doce, meiga e que se importava ? Era como se ela tivesse virado um gelo em pessoa e não conseguia se importar com nada e nem ninguém. Quem quisesse ficar que ficasse e quem quisesse ir embora que partisse.
Ela cansou de correr atrás de quem não dava um pouco de importância. Ela cansou do papel de se importar. Ela não se importava. Ela largou aquele amor meio bosta. Aquilo nunca foi amor, aquilo foi dependência emocional.
Então, um belo dia ela se priorizou, tornou-se mulherão independente e que vai atrás dos seus projetos. Ela se calou a maldade e fez graça para lidar com o outro. Ela só queria seguir de frente de vez. No entanto, já percebeu que era aos poucos que ocorria a superação e a cada dia ficava mais fortalecida e madura.
Ela aprendeu o que era amor próprio quando ele foi embora e fez a si mesma o único amor que importa.
As lágrimas secaram, o sol nasceu, as músicas tornaram sua forma de superar. As vezes sentia saudade, aliás sentia saudade o tempo todo e a sua falta. Mas optava por sentir raiva para ocultar os verdadeiros sentimentos reprimidos. A saudade estava lá o tempo todo escancarada. E como lidar com isso? Se priorizando e lembrando que foi bom o quanto durou e nada é para sempre.
Ela falou pouco aos amigos, e a maturidade bateu a porta. "Sorry honey" mas você não é o único no mundo e entre sofrer e ficar sozinha e feliz, ela optou pela felicidade sozinha.
Ela não precisa de ninguém para ser feliz, e o mundo dá voltas. Ela cansou de quebrar a cara. Ela se ergueu e demonstrou uma força que jamais sabia existir. Sinto muito "sorry honey" mas existem muitos por ai que só querem uma chance e você desperdiçou todas suas chances ao viver na sua indecisão. Você foi totalmente a sombra e reacendia a sombra dela. Ela não queria se esconder. Ela nasceu para brilhar.
Foi aí, que o natal chegou e você  a procurou. Engraçado, teve tantas oportunidades e veio procurar logo no clima natalino. O coração dela é um oceano repleto de segredos e você está lá trancado. Ela pensou em dizer várias coisas ou saber como ele estava, mas só a simples presença dele ainda machucava porque ele era indeciso. Então, ela optou por responder as felicitações natalinas de modo involuntariamente frio. Ela foi fria e nunca imaginou que seria tão gelada com ele. Mas a melhor forma de superar de vez seria a indiferença e não deixar que os atos dele a afetem mais.
Ela pela primeira vez pensou demais e não disse o que queria porque quis se proteger. Então não se importe.
Ela pensou.
Feliz natal "honey". Feliz 2018 e ela desejava que superasse ele de vez.
Ela pensou.


Era um completo estranho. Era um estranho que costumava fazer bem e um bem querer. Era um estranho bom que bombeava as emoções e o coração. Era um estranho bom que fazia rir. Era um estranho bom que as vezes ficava triste ou caia a cada topada da vida. Era um estranho bom que fazia escolhas para saciar a si mesma.
Era um estranho bom que no fim do dia dava coragem para seguir em frente e buscar meios de lidar com as emoções fortes. Era um estranho bom que detinha brilho próprio e vontade de se mostrar ao mundo. Era um estranho bom que sonhava e lutava para chegar onde quer. Era um estranho bom que dançava conforme a música e destoava o horizonte.
Era um estranho bom que ouvia música, calava-se quando necessário, dizia o que tinha que dizer, se culpava pelos atos, analisava os comportamentos alheios, e se posicionava diante da vida. Era um estranho bom que adquiriu maturidade através da dor. Era um estranho bom que era feliz ao seu modo e descobriu que não precisa da dor e sofrimento para se conhecer. Era um estranho bom que confiava mais em si, seus instintos e não cobrava nada de ninguém. Era um estranho bom que errava e continuava errando, mas acertava em dobro. Era um estranho bom que se inspirava nas poucas palavras e visualizava o futuro bom que a vida reservava.
O estranho não tinha cara, o estranho tinha emoções que as vezes viravam raiva, as vezes a emoção optava pela dúvida, as vezes as emoções ficavam ansiosas ou barulhentas em demasia. Então o estranho buscava meios de lidar com isso de pé. O estranho que cantarolava em inglês ou espanhol. O estranho que sabia o melhor para si e o estranho que se priorizava acima de tudo. O estranho bom que podia ser mau, mas optava pela luz.
O estranho que gastava saliva somente consigo e optava por deixar a vida fluir para frente e sair da zona de conforto. O estranho que se priorizou ao não olhar para trás. O estranho que confiava no próprio taco.
O estranho que tinha falhas e defeitos, as vezes procrastinava ou se sabotava, mas o estranho sempre optava pelo movimento e seguir em frente. O estranho que se curtia a ponto de não precisar de ninguém para ser ela. O estranho que dependia somente de si para ser ela mesma e buscava relacionamentos independentes e com pessoas decididas.
O estranho que se olhou no espelho e se perguntava se ainda era ela, afinal mudou muito e estava mais decidida e sabia se defender sozinha. A vulnerabilidade fazia parte da vida, as frustrações, os amores perdidos e os planos fracassados. Mas sem tudo isso o estranho não estaria onde estaria agora e não fitaria seu interior e faria uma avaliação de si mesma a fim de transmudar na sua melhor versão.
O estranho vivia na sombra, mas optou por transparecer na luz e mostrar quem realmente era. O estranho era mais esperto, duro quando precisava e preferia o melhor para si mesma.
O estranho era você mesma porque na medida que nos conhecemos saberemos nossas limitações e quem realmente somos. Você é decidida e obstinada e em meio a tantas dores e quedas se fez muralha e so queria por perto quem lhe dava a independência de ser a si mesma.   O amor não combina com dor. A dor é para mudar e se for para mudar prefiro continuar indo embora até encontrar a mim mesma mais solidificada.
Eu sou eu e finalmente entender o amor próprio é buscar se colocar em primeiro lugar e averiguar quem merecia estar na sua vida ou merecia ir embora a todo o sempre.
Faça o bem, abrace o sol, lide com todas as suas emoções, faça lista de suas conquistas diárias e se orgulhe de si mesma, confie em seu taco, confie em si, olhe sempre em frente, se ame muito a ponto de ser decidida e independente. Supere o que tem que ser superado, não queira migalhas, busque empatia a ponto de entender as vontades alheias. Se erga milhões de vezes e nunca se entregue a vida. Seja a protagonista da sua história. Tudo passa.
O futuro agradece. Seja você. Seja o estranho do espelho que não se reconhece mais porque mudou muito a ponto dos atos formarem completamente diferentes.
Seja único. Abrace o sol. Abrace a si mesma.


   A brisa suavizou a dureza que revestia aquela mulher. A mulher que vestia 36/38, mas poderia vestir 40 ou 39. A mulher determinada e que florescia num nuance diferente. A mulher que resolveu se libertar de correntes antigas e seguir em frente de modo independente e maduro. A mulher que se corrigiu, a mulher que errou e não é perfeita. A mulher que coloriu o seu mundo e determinou quem realmente ficaria em sua vida: ela mesma. Ela era a pessoa mais importante, ela não precisava de ninguém para ser feliz e dane-se a opinião alheia.
  Ela finalmente estava inteira e queria apenas a si mesma na total independência. Ela não queria mais amores dependentes e paixões efêmeras, tampouco pessoas rasas ao seu lado. Ela queria a si mesma acima de tudo e seus planos em primeiro lugar, o resto que a acompanhe.
O que tinha que ser depende das escolhas dela e ela escolheu viver conforme seus ideais.
 O único amor que restou foi o próprio.