Olá agraciados amigos. Estou de volta. Sou eu. Nina. A nem adolescente e nem adulta. Ou seja, fase de transição. Confesso que o termo ficou deprimente, no entanto, o que tenho a dizer é mais importante.
Depois de conseguir me livrar do meu vizinho idiota, Gabriel, e namorado da minha irmã; fui ao encontro do meu amigo numa praça próxima sem estar distante.
O Michel. Meu amigo. Iríamos a uma praça distante e nem tão próxima de estar.
Todavia, para minha felicidade de infeliz dia, chovia bastante. Mas de encontro marcado, com meu modesto all star roxo surrado, enveredei dentre as poças com um guarda chuva empilhado ao vento. De vento que empanava meu cabelo castanho- escuro a tapar minha visão turva de óculos fundo de garrafa.
E lá ia eu com o toc-toc dos passos numa modesta roupa fina do frio. De frio a gelar os ossos lá ia eu.
Merda! xinguei abertamente assustando uma modesta senhora. Que de modesta não tinha nada ao me mostrar seu poderoso dedão. Urgh! Eu havia quase tropeçado nos cadarços em arrebatamento esquecido de amarrar. Idiota e mil vezes idiota.
Mas o dia não acabava aí. Depois de passar por edifícios sem graça e alguns estupendos, as casas fizeram seu fluxo de energia angustiante em contraste com os carros e pedestres a caminhar. Como nunca transfigurei em ferro, dei uma olhadinha numa gatinho que estabanado tentava fechar o guarda chuva.
Ri feito demente. Ele acenou. Eu enrubesci sem quase enxergar nada. Ele continuava a acenar. Eu estagnei de prudência. Que idiota. Chamando uma estranha.
No entanto, ele gritou meu nome:
- Nina. Vem cá.
Presumi uma careta.
Ele tentou, desta vez, mais frenético.
- Nina!
Arriscando pausei ao seu lado reconhecendo minha tamanha burrice.
Era meu amigo.O gatinho. Sob um toldo. Literalmente irreconhecível por conta da minha cegueira de chuva quase torrencial. Me acolhi em seus braços umidos.
E assim foi nosso encontro. Ele era meio lunático, avoado em nunca estar na terra; o olhar escuro sempre distante abrangendo o cabelo curto igualmente preto. Tinha um estilo meio hippie com a inseparável toca de lã.
- Oi Michel. Desculpa. Essa chuva.
- Tudo bem. Ela é necessária para ajudar as árvores e para abastecer os mananciais. É uma fonte de vida. - discursou ele um tanto distante.
Sorri meio monga. Para Michel tudo havia explicação. E isso era um tanto irritante as vezes, porém, esse era o Michel que havia conhecido. Um defensor assíduo da natureza. Inclusive, o mundo podia estar caindo ou um acontecimento digamos perigoso viveria do lado dele, mas, para Michel, aquilo fazia parte da lei da natureza. E como ele mesmo diz " faz parte da vida. Da natureza. Da Terra."
- Acho melhor irmos á minha casa. Que tal um café? - acolheu ele.
Dei de ombros sem dar somente um sinal de positividade.
- A praça furou literalmente. - mordi a merda da língua. Não devia ter dito aquilo. Sabia o que viria a seguir. Do antes ao depois não me arrependi.
- Tinha que acontecer. E veja o que a vida nos reservou? Um café na minha casa. Talvez essa chuva nos dê alguma lição de vida.
Mordi os lábios para não cair num desespero de gargalhada pausada. Em respeito definitivo ao meu amigo. Que lição uma chuva daria? Tenha a santa paciência. Mas enfim, eu era acostumada.
Quando chegamos a sua casa, para meu horror, horror esse de bater as pernas para que te quero em qualquer outro âmbar. A namorada de Michel, Lisa, uma garota de 23 anos, mais velha que meu amigo, de estatura mínima como mínima media sua postura de sedenta por sexo a quase todo instante.
Eu nunca a vi centrada, talvez porque só a visse próxima a Michel.
Ela era do tipo que sexo era remédio para tudo. E qualquer lugar, hora, e motivo era hora do sexo.
Michel vinha da filosofia que "sexo faz parte das nossas energias ligando nossos instintos mais bravios a natureza". Como disse tudo à natureza.
Que tédio. E no mesmo instante que recebi o calor da sala acarpetada, com moveis rústicos e pinceladas de florais, a louca pulou no colo de Michel. Paralisei em choque, meio indo embora meio entrando na casa, vislumbrando Lisa beijar Michel com gosto lhe apertando os ombros, sem ao menos me notar. Que bandida filha da mãe!
Tentei chamar atenção, mas de nada adiantou, contudo Michel se afastou borrado de batom vermelho de borrar a falta de ar. A mesma falta de comedida para Lisa, foi a mesma da minha falta de palavras.
- Oi Nina. - cumprimentou ela alegre demais. A descabelada nem ao menos esperou eu terminar de destrinchar as palavras. Ela correu as escadas e a completar ávida de desejo - Gatão. Estou lá em cima. - finalizou mordendo os lábios.
Que nojo. Michel não estava agraciado com a presença dela. Não se dava para notar, de modo que sua fisionomia de viajante quase nunca mudava. E de mudar de verdade, veio a voz meio forçada.
Como amiga eu reconhecia que a sua relutância era sinal de grandiosa raiva.
- Claro.
- E então? O nosso café está ou não está nos nossos destinos?
Em resposta, aferrei sua mão e o levei a cozinha. Era um sinal. Sinal de reconhecer aquela casa tão visitada e sinal que a resposta era sim.


4 Comentários

  1. passando só para desejar que voce tenha um dia feliz....
    Muito bom teu blog, gostei daqui.
    Maurizio

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  2. Belo texto!
    É.. ele precisa de alguém menos exagerada...
    SHUAHUSHAUHSUHAUSH

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  3. Ah, adoreeeeeeei o texto todo! Confesso que me deu meio preguicinha de ler quando eu vi o tamanho, mas li mesmo assim e valeu a pena!
    Parabéns pelo seu estilo literário, é envolvente!

    Beijos, Carla.

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  4. voltou ?
    enfim, adorei o texto.

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