O dia se estagnava perfeito. Os pássaros chilreavam, as formigas em fila festejavam a comida, a floresta cheirava a vida.
Eu, Nina, traguei bem profuso um toco de cigarro que ainda restava. Esse era um dos meus vicios, obliterando os livros claro. Todavia, de excitação roguei o extasiamento.
Havia me perdido por entre as sambambaias. Sambambaias maravilhosas que me trouxeram a conhecer, com meus amigos, uma suntuosa viagem de acampamento. Mas, eu me perdi. E de perder, sem prêmios de consolação, me submete a minha presença o pomposo e tarado da selva sem ser perigoso; Gabriel.
O idiota me irritava com tamanha pretensão e olhar sempre viril para qualquer caixa de seios que lhe fossem suculentos. Esguio, 18 anos de falacioso, em que os olhos profusamente verdes contrastava com seu queixo pontudo a malar ossudo. Para Gabriel qualquer garota servia para lhe dizer coisas nada romanticas no seu ouvido.
Comigo não funcionava. Funcionando, por assim dizer, sacolejei minhas nadegas proximo a bananeira. Abracei as pernas apreciando minha atônicidade. As roupas surradas a maltrapilhos de galhos secos; o cabelo castanho-escuro estava tão desalinhado quanto.
- Então porque está ai me observando? - exigi de imediato ao notar sua presença com aqueles olhos semi-cerrados de desejo. - Porque não tenta fazer a porcaria desse seu celular ganhar sinal?
O cretino, retumbou com a sua voz firme e grave. Porém, morosa como o ex namorado , igualmente idiota e preguiçoso, da minha irmã. Gabriel era o atual. Naõ sei bem como os dois se suportavam. Minha irmã era tão pomposa quanto. Era como se estivesse sempre coco debaixo do seu nariz. Todavia, Nora, nunca se dispunha a dar em cima de alguém.
- Descarregou. - e ao sentar ao meu lado. Me incomodando sem realmente incomodar de sentar ao meu lado displicente. Babaca. - Porque não tenta o seu?
- Porque será? - desdenhei. Meu ombro roçando contra o dele. Um arrepio sobrenatural percorreu meu corpo. Em linhas diretas me afastei um pouco.
- Então talvez deveríamos dormir aqui agarradinhos enquanto a ajuda chega. - brincou ele sem perder a pose.
Será que o cachorro traia minha irmã? Depois de segundos de ponderação, mastiguei sua insinuação patética com um sorriso maroto.
- Ah! Quer dormir agarradinho? - meu rosto derreou de inclinar minimamente perto dele. Podia sentir sua respiração. Meu coração batia incontrolável no peito. E de peito Gabriel surfou nas ondas dos nossos olhos juntos.
- Seriamos os perdidos da selva mais gloriosos do mundo. Se pudéssemos simplesmente ficar juntos.
Aquilo, mesmo sendo um jogo, retrucou num ardor irracional dentro de mim. Eu estava feliz?
Gabriel tocou meu rosto com as palavras. Era um mestre. Mas aquela frase parecia ter um fundo de grande verdade.
O jogo vicioso não morreria tão cedo.
- Talvez. - me submeti ao mórbido cansaço.
Ele sorriu. Eu gargalhei. Nossas vozes retumbaram no infinito do céu. O sol lá no alto aninhava junto conosco.
- Então. Eu acho que.
- O que? - a voz não pertencia a mim.
Sua fisionomia transmudou como o rumo das suas palavras repentinas.
- Que acabaram de nos encontrar.
Pulei a encontrar meus amigos. Corri para minha irmã. Uma culpa de extrair de mim. Depois abracei meus amigos. De certo aliviada. Mas de perdida ainda me encontrava.
Gabriel se uniu a nós. Perdidos era o sinônimo que nós vivemos. Por uns segundos sequer. De perdidos a perigosos.
As aves alçaram voou perdidas no seu objetivo. Eu estava perdida no meu.


Um Comentário

  1. que lindo!
    adorei o post... :D

    obrigada pelo carinho no Grafite *.*
    beiijo flor

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