Olhos frágeis. Frágeis de um pulso debilitado. Ela o fitava desesperadamente. Fraqueza. Tão fraqueza quanto o sangue que fluia dele. Ele estava morrendo. Morrendo de uma fatalidade. Fatalidade de bala perdida. Ela esperneava em agonia silenciosa. A cabeça dele em seu colo. Os olhos castanho-escuro quase sem vida. Cadê a ambulância? As pessoas envolta se aglomeravam. Mas por curiosidade. Ela continuava sofrendo. Sofrendo de fraqueza. Tão Fraca.
                            - Não vai dar tempo Marina. - sussurrava ele aos prantos. Os lábios ressequidos.
                            - Não diga isso. Por favor. - dizia ela para o remorso. Remorso de uma calçada. Calçada repleta de curiosos. Remorso de que deveria ter sido ela. Remorso que ele, seu noivo, havia salvado sua vida. Fraqueza.
                             - Vou indo. Porque precisei ir. Diga a todos que os amo.
                              Marina, esperneava, as lágrimas rolando pelo rosto tão fraco.
                             - Diga. Marina! A todos que amo.
                              Porque ele repetia isso afinal? Porque não dizia que me amava também? Porque? E porque me salvou?
                              - Eu amo a todos Marina. Todos. Minha família. Diga a todos.
                              - Eu.. Não posso. Sou fraca. Sabe. Fraqueza.
                               Ele sorriu com o resto de energia que restava.
                               - Marina eu acabei de salvar sua vida. E você não pode retribuir?
                               Marina, a garota sem rosto. Sem rosto de sardento. Disse:
                               - Eu ia terminar contigo. Então, você não deveria ter me salvado. Eu não te amava mais. E você sabia disto. Porque não me deixou partir? Porque deveria contar a sua família isso? Você irá viver.
                               Os bombeiros chegaram e ele ficou silêncioso por um tempo. Silencioso estabilizado entre os aluminios. Silencioso na maca.
                               Marina ainda sim segurou sua mão. Mesmo se sentindo um lixo. Fraqueza. Tão abatida.
                                Uma semana depois Marina se encontrou com ele. Encontrar com ele de ir no seu enterro. Sua mãe lhe deu um bilhete. Marina o abriu titubeante.
                               - Marina. Naquele dia não lhe disse nada. Eu não tinha uma resposta. Mas hoje eu tenho . Eu a salvei não como um gesto de amor. Mas como gesto de fraqueza. Eu me vi forte naquele momento. E você tão fragil. Que senti pena. Pena de ser tão tolo de continuar te amando tanto. E tanto. Eu já sabia que aquele seria nosso fim. Mas eu quis eternizar. Ser eterno. Na memória de cada um que eu amo. Todos. Incluindo você. Veja, sorria. Eu acho que posso te ver daqui de cima.
                             Marina descobriu uma coisa. Ela ainda o amava muito. Muito. E a falta dizia isso. Fraqueza. Foi um ato de fraqueza. E o ato dela? Onde se encaixa? Porque é depois que você perde alguma coisa que se dá o devido valor. Marina agora sabia daquilo. Fraqueza. Era fraqueza o que ela tinha.
                               Portanto, seja forte. Nada retorna. Mas, sempre terá algo bom nesse caminho.


3 Comentários

  1. Naia, eu estou com raiva de vc! :x
    brinks .. HSUAHSA .

    VOCÊ ME FEZ CHORAR... !
    fraqueza!

    nem tenho o que comentar .
    eu estou assustada, ainda estou naquele enterro.. e Marina, Marina descobriu isso na minha frente, que o amava! :/
    FRAQUEZA!

    Eu adorei esse texto que me fez chorar! Fraqueza, fraqueza porque? Porque se da valor quando se perde... Quando se perde é que faz falta! CINTILANTE! .
    É, EU ADOREI!
    desculpe, falei demais :s
    é que é... FRAQUEZA :/ RS

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  2. uauuuu . incrivel ..
    vi as cenas se decorrerem na minha mente ...
    como sempre . seus textos são cativantes ..
    parabéns!
    =D
    ( Obrigado pelo comentario )

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