A música nunca deveria ter acabado. O salto nunca deveria ter quebrado. O batom nunca deveria ter borrado. O vestido nunca deveria ter ficado justo e meticulosamente decotado. O cabelo nunca deveria ter bagunçado. A bolsa nunca deveria ter soltado a alça. O dinheiro nunca deveria ter acabado. O corpo nunca deveria ter ficado frio. Os dedos nunca deveriam estar expostos. O sutiã nunca deveria ter folgado. O corpo nunca deveria ter engordado. O corpo nunca deveria ter mudado. A yoga nunca deveria ter sido feita. O riso nunca deveria ter sido fácil. Os sentimentos nunca deveriam ser exaltados. O cara nunca deveria ter aparecido.
      A dualidade nunca deveria estar presente.
      Ela infiltrava em si própria. O medo enlouquecia em ares sonhadores e matizadores. O medo trazia a tona comportamentos complexos e a bonequinha de porcelana. A insegurança gaguejava em palavras não ditas ou presa na garganta. O medo da perda procurava criar raízes dependentes dos outros e da opinião que não era sua.
     Ninguém conseguia entender. Ninguém nunca deveria ter dito. Ninguém nunca deveria controlar os outros. Ninguém deveria nada.
      Ela resgatou a independência em raízes passadas. Ela recrutou o eu de antigamente e progrediu em opinião própria e pulso firme. Ela não mudou essência, mas se questionou e questionou os outros. Calou-se quando estava errada e admitiu quando errou, entrementes, aprendeu que não se deve narrar tudo da vida nem aos melhores amigos e deve ser dona do próprio nariz.
     Ela compreendeu que a música deveria ter acabado. Ela compreendeu que o salto deveria ter quebrado. Ela compreendeu que o batom deveria ter borrado. Ela compreendeu que o vestido deveria ter sido justo e decotado. Ela compreendeu que o cabelo deveria ter bagunçado. Ela compreendeu que a bolsa deveria ter soltado a alça. Ela entendeu que o dinheiro deveria ter finalizado. Ela entendeu que o corpo deveria ter ficado frio e os dedos seriam expostos. O sutiã deveria ter folgado. O riso deveria ter sido fácil bem como os sentimentos ruins ao receber criticas pesadas era natural, entretanto ao lidar com isso ela revidava e não entreouvia calada. Os sentimentos seriam exaltados e o cara deveria ter aparecido. A yoga deveria ser feita bem como o corpo naturalmente transmudaria.
        A dualidade era constante, a frustração era natural, bem como o aprendizado nessa vida elevava em maturidade. As pessoas podem se expressar como quiser e da pitaco como for, entretanto, a dona da vida era ela e no fim das contas a decisão final sairia dos seus lábios.
        Nada de cobranças, gratidão em primeiro lugar, amor pela individualidade e pelo que gostava de fazer diariamente. Esvair-se da dependência e permitir o novo de modo que  iria viver a vida no momento certo.
        Encerram-se ciclos e iniciam outros.
   


Deixe um comentário